Estive duas vezes em Porto Alegre, capital dos gaúchos, povo bom e simpático, ambas, participando de congressos científicos. A primeira vez, ainda universitário, na década de 1970, num congresso de Psicologia, na companhia agradável de colegas do curso de Psicologia da UFBA, numa longa e inesquecível viagem de ônibus, de Salvador à capital do Rio Grande do Sul. Chegando lá, juntamente com alguns colegas, ficamos hospedados num hospital ainda a ser inaugurado, “Menino Deus”, localizado no bairro com o mesmo nome.
Era meio do ano, fazia muito frio! Os chuveiros elétricos não estavam ainda funcionando e o jeito foi tomar banho frio mesmo. Nunca esqueci: a sensação do jato de água gelada na minha cabeça: parecia mais o fio da navalha couro cabeludo. Sem exagero! Além de roxo de frio, permaneci os cinco dias do congresso com o nariz completamente entupido, empatando sentir o aroma delicioso e incomum do churrasco gaúcho.
Além das atividades do congresso em si, visitamos alguns lugares pitorescos da cidade, incluindo, obviamente, os estádios de futebol do Inter, num jantar musical, à noite, e às instalações internas do Grêmio, durante o dia, onde tivemos a oportunidade de observar o vestiário dos atletas, inclusive, os aposentos do lateral gremista e da seleção brasileira, Everaldo, de saudosa memória, já falecido na época, precocemente.
Nas ruas, avenidas e praças sentíamos o espírito simpático, alegre e solícito dos gaúchos, agasalhados do frio, muitos com a tradicional bombacha, portando nas mãos a garrafa térmica, cuia e bomba do seu inseparável chimarrão. Sempre alegres, comunicativos e sorridentes, homens e mulheres elegantemente trajados, transitavam pelas veredas portoalegrenses. Foi uma viagem inesquecível! Da segunda vez, não foi diferente, uma viagem extremamente agradável! Agora, já como professor universitário, vinculado à minha querida universidade (UESB). Estava na companhia do professor e amigo, Luciano Sampaio e demais colegas e alunos da instituição, para participar do famoso e reconhecido encontro científico, SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
Boa parte das atividades, palestras e exposições científicas, aconteceu justamente nas dependências do estádio do Internacional, às margens do Rio Guaíba, um dos seus cartões postais, cujos pores de sol, rivalizam com os de nossa Jequié: indizíveis, saudosos e coloridos!
Como de costume, à parte dos eventos dos congressos, nos horários livres, durante o dia e às noites, aproveitavamos a estadia para conhecer turisticamente locais aprazíveis e culturais da capital, bem como, viagens rápidas às cidades próximas. Lembro de ter ido à Nova Hamburgo, uma cidade com muitas fábricas de calçados. No mais, passeios e visitas culturais à bela cidade de Porto Alegre. Inesquecíveis viagens!
Senhor, com que tristeza estamos assistindo agora a essa tragédia sem precedentes, sofrida e amargada por este povo bom e hospitaleiro. Como assistir, a tanto sofrimento e perdas, sem doer o coração, quase todo o estado do Rio Grande do Sul, suas cidades submersas e completamente ilhadas do resto do país, num sofrimento sem fim, vendo seu povo morrendo e chorando, arrastado pelas chuvas, enchentes e correntezas.
A meu ver, não basta apenas as autoridades brasileiras, com a maior urgência, tomarem as providências necessárias e cabíveis para amenizar a tragédia enfrentada pelos gaúchos. Mas, muito mais! É preciso um abraço global! Que, o mundo inteiro, americanos, europeus, asiáticos, africanos, todos, se unam solidariamente em prol da defesa dos sofrimentos dos gaúchos e da reconstrução urgente e progressiva de todo estado maravilhoso do Rio Grande do Sul, para que seu povo e seu porto voltem a sorrir em paz e alegremente! Quando se quer, se faz!
Viva o RGS! Viva Porto Alegre! Viva o povo brasileiro, para o bem do nosso país e de toda a humanidade!
Não é hora de thê, nem de barbaridade! Mas, sim, de muita fraternidade
Jequié, madrugada de 13 de maio de 2024.
Reinaldo Pinheiro
Jequieense/Baiano
P.S. Dedico este artigo aos gaúchos de um modo geral; aos amigos, Jorge Stock e Paulo Boschetti, este, de saudosa memória! Dedico também ao meu filho, André Pinheiro, pelo sentimento de solidariedade demonstrado em relação aos acontecimentos dolorosos ocorridos no Rio Grande do Sul.
1 comentário em “Porto Alegre X Triste Porto, por Reinaldo Pinheiro”
Bela homenagem ao povo gaúcho e ao seu torrão natal, nesse momento de amarga tristeza. Empatia e solidariedade não fazem mal a ninguém.