O pioneirismo do designer Dih Morais deixou sua marca no Brasil Eco Fashion Week. Aplaudido de pé em sua estreia solo com um desfile autoral marcante, ele fez história ao demarcar a importância da narrativa quilombola na moda.
Sem apoios externos ou patrocínios institucionais, a coleção “Quilombo Barro Preto” marcou a independência criativa do estilista, que, pela primeira vez, teve as passarelas dedicadas exclusivamente à sua obra. A comunidade do Quilombo Barro Preto, em Jequié, e as vivências que moldaram a vida de Dih tornaram-se matéria-prima de uma coleção que emocionou o público, mostrando que a moda pode ser um instrumento de preservação e valorização da cultura afro-brasileira quando narrada por quem a vive.
O desfile contou com um casting de peso, reunindo figuras de destaque como a artista Linn da Quebrada, as atrizes Jéssica Córes e Walquiria Ribeiro, a ativista e artista Preta Ferreira, a jornalista e atriz Pâmela Gomes, além do antropólogo, escritor e babalorixá Pai Rodney. A presença dessas personalidades, cada uma com sua trajetória de resistência, reforçou a potência do evento, conferindo mais visibilidade às questões raciais, sociais e espirituais que a coleção trouxe à tona. As peças, concebidas a partir de elementos como cabaças, palha da costa e linho, carregaram tramas e crochês criados por mulheres pretas do quilombo, reafirmando o compromisso com o protagonismo feminino e a relação profunda com a ancestralidade.
A apresentação, integralmente pensada pelo próprio Dih – da escolha da trilha sonora com referências ao interior da Bahia até os conceitos de maquiagem e direção artística – encerra um ano de grandes conquistas para o estilista quilombola. O feito comprova que sua presença no circuito de moda nacional não se limita às aparições em parceria com outras marcas, mas se consolida como uma voz independente, firme e inspiradora. Caminhando para 2025, Dih Morais já projeta empreitadas ainda mais ousadas, mantendo vivo o propósito de olhar para o passado, honrar as raízes e criar, por meio da moda, novas narrativas de futuro.