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Veto do Carrefour França à carne do Mercosul mobiliza produtores e ameaça desabastecer lojas no Brasil

Leandro Novaes
Imagem ilustrativa

 

O Carrefour anunciou que não venderá mais carne proveniente dos países do Mercosul em suas unidades na França, gerando críticas de exportadores e autoridades brasileiras. A justificativa oficial do grupo francês aponta preocupações com a qualidade da carne, mas entidades do setor agropecuário e o governo do Brasil consideram a medida “contraditória” e “protecionista”.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) classificou a decisão como um ataque ao livre mercado, destacando que o Carrefour opera cerca de 1.200 lojas no Brasil, abastecidas majoritariamente por carne brasileira, reconhecida mundialmente por sua qualidade. “O posicionamento contradiz os princípios de cooperação global, especialmente considerando que o Brasil é responsável por 27% das importações de carne bovina da União Europeia, enquanto o Mercosul atinge mais de 55%”, afirmou a Abiec em nota.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também criticou a decisão, chamando-a de “ação orquestrada” contra o Brasil. Ele sugeriu que o veto é uma tentativa de pressionar a França a rejeitar o acordo comercial Mercosul-União Europeia. “Essa narrativa desrespeita a produção sustentável brasileira e visa proteger interesses de produtores franceses”, declarou.

Reação no Brasil: boicote às lojas Carrefour
Como resposta, a indústria brasileira de carnes interrompeu o abastecimento de mais de 100 lojas do Carrefour no Brasil. Entidades do setor agropecuário, apoiadas por produtores nacionais, argumentaram que “se não serve para as lojas na França, também não servirá para as lojas daqui”.

A medida ocorre em um momento em que o Brasil se consolida como o segundo maior produtor mundial de carne bovina, com uma produção recorde estimada de 10,19 milhões de toneladas em 2024, um crescimento de 7,1% em relação ao ano anterior.

Contexto político e econômico
O veto à carne do Mercosul pelo Carrefour reflete tensões em torno do acordo Mercosul-UE, que visa criar uma das maiores zonas de livre comércio do mundo. Agricultores franceses temem a competição com produtos sul-americanos mais baratos, o que intensifica a resistência ao tratado.

Embora o Brasil tenha registrado um aumento de 30% nas exportações de carne bovina entre janeiro e setembro de 2024, com faturamento de US$ 9 bilhões, o impacto do boicote francês pode comprometer a estabilidade das relações comerciais entre o Mercosul e a União Europeia.

A decisão do Carrefour França, ao priorizar a “carne de origem francesa”, também visa liderar um movimento entre empresas europeias para boicotar proteínas do Mercosul. Entretanto, analistas avaliam que a posição enfraquece a imagem da rede em mercados globais interdependentes.

O Grupo Carrefour Brasil que é composto pelo Atacadão, Carrefour, Sam’s Club, além do Carrefour Express, Carrefour Bairro, Nacional, Super Bompreço, Drogaria Atacadão e Carrefour e Posto de combustíveis Carrefour.

Fontes: The News, Estadão e Revista do Oeste.

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